Foi
descoberta uma relação entre o excesso de sal na alimentação e o aumento de
células do sistema imunitário envolvidas em doenças autoimunes como a esclerose
múltipla, a diabetes tipo 1, a psoríase, entre outras.
Os
sais são essenciais à vida. Mas, como com quase tudo o resto, o excesso deles
pode arrastar a vida para a doença e eventual morte. É o que sucede com o excesso
do sal de cozinha na nossa alimentação. O cloreto de sódio (símbolo químico NaCl)
está presente nos oceanos das nossas descobertas marítimas em cerca de 3,5% da
sua composição em peso (ou seja, existem cerca de 35 g num litro de mar). No
nosso corpo (um adulto com 60 kg tem cerca de 150 g de NaCl no seu corpo). os
iões que o compõem são essenciais para o funcionamento, por exemplo, do sistema
nervoso, participando na geração dos impulsos nervosos.
Há
sempre sal no nosso pensamento, nos nossos sonhos, nas nossas emoções e afectos.
As lágrimas sabem a sal.
Para
manter o NaCl que necessitamos no nosso corpo, a Organização Mundial da Saúde indica
que devemos ingerir menos de 5 g daquele sal por dia. O consumo de cerca de 2 g
de NaCl (presente já em vários alimentos sem que seja necessário mais adições) é
considerado saudável).
Cristais de NaCl
Há
muito que se sabe que o seu excesso de sal na alimentação é prejudicial à
saúde. Desde há pelo menos décadas que o excesso de NaCl está associado a um
risco significativamente maior no desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Agora
foi descoberto que este mesmo sal está envolvido em determinadas em vias
metabólicas, na regulação e maturação de células específicas do nosso sistema imunitário:
linfócitos Th17.
Em
três artigos (ver aqui, aqui e aqui) publicados no dia 6 de Março na edição online da revista Nature, investigadores
das Universidades de Yale, de Harvard, de vários centros hospitalares nos
Estados Unidos da América do Norte e na Alemanha, demonstram que a presença em
excesso e continuada daquele sal no organismo tem como consequência uma híperestimulação
na maturação e activação dos linfócitos Th17.
Imagem de um linfócito T rodeado de glóbulos vermelhos.
Se
por um lado estas importantes células do nosso sistema imunitário nos protegem contra
microrganismos invasores e causadores de doenças, a sua actividade está também
associada a doenças autoimunes (em que células do próprio organismo são por
elas “atacadas” e destruídas). Entre estas doenças encontram-se a esclerose múltipla,
a diabetes do tipo 1, a doença inflamatória do intestino, alguns tipos de
psoríase.
Os
investigadores destes estudos identificaram que as pessoas que comem
regularmente “fast food” (geralmente contendo quantidades generosas de sal)
possuem quantidades significativamente maiores de células Th17 activas.
Descobriram ainda que a presença de excesso de sal estimula estas células a
produzirem e libertarem substâncias que provocam inflamações (como a
interleucina 17).
Estes
estudos constituem um forte sinal de alerta para os efeitos tremendamente nocivos
entre uma alimentação com excesso de sal e o estado geral de saúde, aumentando
significativamente os factores de risco associados com o desenvolvimento ou
agravamento doenças autoimunes.
Assim,
reduza o sal na sua alimentação. Verá que a sua vida ganhará outro sal!
António
Piedade
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