sábado, 25 de setembro de 2010

O BACILO DE KOCH

Bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis)


Na primavera de 1882, o alemão Heinrich Robert Koch, prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina (http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1905/) e um dos pais da epidemiologia, identificava e descrevia pela primeira vez, através do microscópio óptico, o agente microbiano causador da Tuberculose: o bacilo de Koch, como ficou conhecido (Mycobacterium tuberculosis é o seu nome científico).
Esta descoberta foi muito importante. O artigo da sua descoberta estabeleceu a primeira etiologia da tuberculose e continha os importantes Postulados de Henle-Koch. Estes permitem estabelecer, ainda hoje, uma relação causal entre um dado agente microbiano e uma determinada doença. De referir que os postulado só foram revistos em 1976 por Alfred Evans.
Desde então, e igual para com outras doenças, identificar o bacilo é fundamental para travar a sua disseminação por contágio e poder tratar os infectados.
Hoje sabemos que o bacilo de Koch é um longínquo companheiro da evolução humana. Já existindo muito antes dos nossos primeiros ancestrais hominídeos, seguramente até antes dos primeiros mamíferos, o M. tuberculosis adaptou-se espantosamente ao tecido pulmonar humano. De tal forma que o pulmão é o seu albergue por excelência e é muito difícil combate-lo uma vez ali instalado.
Para agravar a situação, e tal como outras bactérias, este bacilo possui a habilidade de ganhar resistência aos antibióticos que contra ele desenvolvemos. Em particular, o M. tuberculosis desenvolve multi-resistência, isto é, resiste a cocktails de vários antibióticos, pelo que a galopante reincidência da tuberculose a nível mundial é uma preocupação crescente para as autoridades de saúde.
Como se disse, um dos aspectos cruciais é o da detecção do bacilo. Neste contexto, é de destacar a publicação no The Lancet e no New England Journal of Medicine de dois artigos (http://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS1473-3099(10)70165-1/fulltext e http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0907847) que apresentam dois novos testes microbiológicos e moleculares, caracterizados por rápidos e sensíveis e que, segundo os autores, vêm contribuir para um diagnóstico mais precoce e específico ao bacilo e suas estirpes mais resistentes.

António Piedade, publicado no Diário de Coimbra em 14 de Setembro de 2010

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